sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Desnorteados ou a bússola explicada às crianças

Diapositivo 1 - Capitão caril

Diapositivo 2 - Bloco Central
Diapositivo 3 - Evolução
A minha missão neste blog, ao contrário de certas e determinadas pessoas, pauta-se por intuitos pedagógicos. Enquanto que o babyface se limita a gozar de forma alarve com tudo, eu acho que educar as pessoas sofisticadas que utilizam este tipo de instrumentos para definir os seus posicionamentos políticos é um dever cívico, que cumpro sem receber um tostão, ao contrário dos coordenadores do projecto da Bússola, sediados no ICS. Vamos lá, então.
A chave para as avarias na bússola está na Europa. Dizem os nossos cientistas políticos preferidos: "O posicionamento mais próximo do pólo Tradicional-nacionalista significa genericamente que defende a preservação da soberania nacional em detrimento de um aumento de poder da União Europeia e que está mais próximo de valores conservadores no que respeita a questões éticas e morais. "
Portanto, e como se pode ver pelos gráficos acima expostos na escala Tradicional-Libertário que supostamente trata da moral e dos costumes, para os nossos cientistas políticos, entre o PCP e o PNR não existem grandes diferenças no que a libertarianismo diz respeito. Como podem ver pelo gráfico relativo ao Bloco Central, PS e PSD estão praticamente lado a lado se não tivermos em conta os "Estilos de Vida" e o "Sociedade e Ambiente". Assim, mal abandonamos a questão europeia e é ver o PS, suposto partido progressista na moral e nos costumes e grande nivelador da sociedade portuguesa, que no resultado final surge mais cosmopolita que o PCP, a começar a baixar na vertical. No mesmo gráfico podemos ver o PCP e o Bloco lá em cima e à esquerda, no terreno da "social-democracia radical".

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Contributos para uma bussola política


Existe para aí uma coisa chamada bússola política. É tipo daqueles inquéritos sobre dietas da cosmopolitan, mas com temas de natureza política. Conscientes da relevância de tal iniciativa, e enquanto cidadãos, devemos contribuir para tal feito, sugerindo novas questões. Estas, por exemplo:

1 - Acha que Sócrates no caso Freeport?
a) Meteu dinheiro ao bolso;
b) Não meteu dinheiro ao bolso;
C) Não sei, mas quero tanto acreditar que ele meteu dinheiro ao bolso.

2 - Qual a atitude de Portas perante um bom resultado nas legistativas?
a) Fazer coligação com os socialistas;
b) Fazer coligação com os sociais-democratas;
c) Emocionar-se e chorar de alegria;
d) Fazer uma empresa de sondagens, comprar um jaguar, adoptar um daqueles macacos do filme "Gorilas na Bruma";

3 - Qual é na sua opinião o melhor manual de Ciência Política publicado em Portugal?
a) "Manual de Ciência Política", Adriano Moreira;
b) "Elites, Sociedade e Mudança Política", de António Costa Pinto e André Freire;
c) Qualquer artigo de João Carlos Espada (tradução inglesa: John Charles Sword);
d) "Cagalhoto na cabeça", Professor Herrero.

Mau negócio para os operadores turísticos

João Dias, engenheiro português de 25 anos, acabou uma volta ao mundo que durou uma pipa de meses. Chegado a Lisboa disse que a vida era quase igual em todo o mundo, o que significa, mais coisa menos coisa, que dar uma volta ao mundo é semelhante a ficar 2 anos a dar voltas à Rotunda do Marquês de Pombal. A notícia, dada assim de frosques, preocupa o operador turístico que nos quer convencer que Ayamonte é um género de selva amazónica cheia de espanhóis. É também perigoso para alguns departamentos de antropologia. No geral, porém, é a melhor coisa que se ouviu nos últimos tempos. Valeu a pena dar a volta ao mundo. Deu-se o primeiro passo. Agora falta o resto.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Socialização


Segundo o Público de hoje, a PSP revistou um rapaz de quatro anos à entrada do bairro onde vive, tendo aberto a sua mochila do Noddy.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O que é que é um mandatário?


Anda para aí um sururu porque o PS escolheu uma moça com problemas de pele para mandatária de juventude. Em primeiro lugar, não sei para que é que serve um mandatário de juventude. Nem conheço ninguém que alguma vez me tenha dito: "Ehh pa! Ontem ouvi o mandatário de juventude daquele partido e fiquei bué mais informado sobre a situação do país! Foi brutal!". Em segundo lugar, se a moça com os problemas de pele é uma má escolha, qual é a boa? O vocalista de Blind Zero? Pá, ao menos a gaja não canta.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Columbófilos subversivos pela gajificação do mundo

Depois de seriamente reflectir sobre as palavras do Tigre dei por mim a pensar nas associações de columbófilos que pupulam por este país afora. Agremiações que, à sombra de actividades de cultura e recreio, durante décadas acolheram alguns dos mais perigosos agentes subversivos da ordem moral e radicais revolucionários políticos. Homens, quicá gajificados, que nutrindo um genuíno amor pelo pombo correio, esse preciso transmissor de informações, e escudando-se no estatuto de utilidade pública de que este beneficiava, travaram uma luta sem tréguas contra as perigosas associações e clubes de tiro a chumbo, povoadas por seres obscurantistas, sedentos do sangue dos mensageiros. Perante a incontornável confusão que paira sobre a ordem social vigente, será lícito supor que muitas das dúvidas quanto ao devido lugar de cada um na sociedade serão semeadas pelos columbófilos? Será que estamos face a uma perigosa reconversão dos criadores de pombos e a sua expansão a outras áreas da vida social?


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Jesus é uma mulher


A revelação era séria. Segundo a lista a que tive acesso, em primeiro mão, o treinador do Benfica Jorge Jesus, tal como o grande sprinter jamaicano Usain Bolt, é também uma mulher, mais um elemento de uma subversão planetária. Neste caso fiquei mais descansado porque aparentemente não há nada contra mulheres treinarem equipas de futebol masculinas. A coisa, no entanto, parecia disparatada. Jesus, o nosso Jesus, uma mulher? A minha descrença foi abalada por um conjunto de contactos que efectuei. Rosália Gomes, cabeleireira, encontrou semelhanças intensas entre o penteado de Jesus, o de actrizes de filmes eróticos dos anos 70 e de groupies de bandas psicadélicas e de rock progressivo. Um conhecido psicólogo da nossa praça, escudado no anonimato, notou que o perfil másculo e duro de Jesus, e sobretudo o dinâmico mascar de pastilha, denotava um notável esforço de ocultação, apenas ao alcance de grandes prestigiadores, como Reinaldo Teles, cujo nome verdadeiro é Luísa Madureira. A Jesus no entanto, vai faltando o bigode. O jornalista desportivo B. asseverou que ao contrário de José Mourinho ou Scolari, que são uns verdadeiros pais para os jogadores, Jesus denota características vincadas da mãe mediterrânica (sugerindo-se até uma ascendência italiana), chegando a querer levar o plantel lá para a casa para os controlar melhor. Uma última entrevista, ao sócio do Benfica João Silva, garantiu-me que a suspeita podia ser verdadeira. Tigre: João Silva e o se Jesus fosse uma mulher? Silva: Uma mulher? Tigre: sim uma gaja; Silva: uma gaja como? Tigre: uma gaja como outra gaja qualquer ... Silva: como uma gaja qualquer como, caralho? Você está a dizer que o treinador do Benfica é como uma gaja qualquer? Tigre: quer dizer ... não ... Silva: uma gaja especial, como não há muitas, isso é o que Jesus é, uma gaja a sério é o que ele é, a melhor gaja a treinar equipas no campeonato e na Europa, melhor do que as gajas que treinam o Sporting e o Porto, um gaja com G grande; Tigre: mais ainda assim uma gaja ... ; João Silva: mas é a melhor gaja que tem aparecido por aqui, estou fartos destas últimas gajas que não ganham nada.
E pronto, não digo que Jesus seja uma mulher mas que há elementos fortes para suspeitar parece não haver dúvida.

Bolt é uma mulher


Embora defensor da teoria que, mais cedo ou mais tarde, as marcas desportivas alcançadas pelas mulheres se aproximarão da dos homens até a diferença se tornar indistinta, fui surpreendido por uma notável teoria da conspiração, cuja origem não posso revelar: Usain Bolt, o incrível sprinter jamaicano é na verdade uma mulher. Um teste deveria ser imediatamente realizado para provar esta desconfiança. A questão agora é saber se, perante esta sua condição, Bolt seria desclassificado e o seu recorde do mundo anulado. Imaginemos, o seu recorde do mundo deixa de valer por Bolt ser uma mulher? Ou passa a ser um recorde do mundo feminino. Confuso. Esta teoria, assente, garanto ao leitor, em fontes sérias, leva-nos porém bastante mais longe. O caso de Bolt, asseguraram-me, não é único. Trata-se apenas do mais surpreendente de uma série de casos criados por uma poderosa organização subversiva. Tive a sorte de ter acesso a uma lista de mulheres notáveis que se fazem passar por homens notáveis. Um dos casos desta lista intrigou-me e resolvi investigar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O lince da Malcata

A inclusão de MVA nas listas do PS para as próximas eleições legislativas já mereceu amplos comentários e por isso não vale mais a pena insistir no assunto. A linha de argumentação que MVA tem vindo a seguir desde a assumpção pública do seu apoio ao PS não deixa todavia de ser ainda mais surpreendente do que a sua entrada no grupo parlamentar do PS. O caso mais recente é o artigo hoje publicado no Diário Económico, onde MVA se socorre da obra de Carlos Jalali "Partidos e Democracia em Portugal" para sublinhar a necessidade de deslocar a linha de clivagem entre esquerda e direita em Portugal da esquerda do PS para o espaço entre o PS e o PSD. A primeira surpresa nasce do facto de ver MVA a subscrever as teses institucionalistas de Jalali, que situa a quebra entre esquerda e direita no sistema partidário português entre as forças que no 25 de Novembro queriam uma democracia liberal e as forças revolucionárias.
Este raciocínio gera no leitor duas estupefacções, para além de ver MVA a apoiar-se neste tipo de argumentos. Em primeiro lugar se MVA leu a obra de Jalali como é que lhe é possível ignorar outros elementos enunciados pelo próprio autor: o facto de Portugal ser o país da Europa do Sul onde é menor a clivagem entre os partidos de "centro-esquerda" e "centro-direita"; de o PS e o PSD serem partidos sem enraizamento social e máquinas desideologizadas de conquista de poder; de que o bloco central esteve sempre junto nas decisões fundamentais do regime (a criação da UGT, a adesão à CEE, as revisões constitucionais ou a limpeza dos cadernos eleitorais em 1998) e que nos momentos onde esse acordo não foi possível a decisão foi remetida para referendo ou ainda a semelhança entre ambos nos padrões de ocupação dos lugares no Estado.
A surpresa continua quando, no movimento seguinte, MVA rejeita essa mesma linha de clivagem: "Trinta e tal anos (!) depois do 25 de Novembro não me interessa (e muito menos às gerações jovens) saber se a escolha é entre revolução ou democracia liberal, mas sim entre fazer ou não reformas com base em valores progressistas". Ora se o que interessa é "fazer ou não reformas com base em valores progressistas" como é que se esquece do historial do PCP (um partido "anacrónico", talvez como o lince da Malcata, de acordo com o mesmo Jalali) e do BE em levar para a frente uma agenda progressista? E como ignorar que, de uma forma ou outra, e para além dos debates para consumo interno, são na verdade os dois únicos partidos com uma agenda "social-democrata radical" no contexto da político português? Se é certo que existe uma esquerda séria e consequente no PS, num contexto onde a sistema partidário português está à beira de se dividir em três blocos, quebrando o habitual bipartidarismo, não seria "progressista" apoiar as forças à esquerda do PS, obrigando-as chegar a acordo? Não seria um sinal de "modernidade" acabar com a ética salazarista do governo de maioria absoluta e obrigar ao entendimento, mesmo que pontual das forças à esquerda?
É que quem lê MVA, nos últimos tempos, fica com a sensação que Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva são os únicos continuadores da herança salazarista, como se Sócrates e Guterres (de diferentes formas é certo) também não tivessem alimentado essa mesma tradição e a ética da "maioria absoluta" não fosse ela mesma um sinal inequívoco dessa filiação.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Quem é o nosferatu?

O Público desta segunda-feira relata-nos a situação de imigrantes a trabalhar no Alentejo. A descrição faz-nos lembrar a região antes do 25 de Abril. Só que em vez de serem nativos, são pessoas que nasceram em países mais pobres. O título da reportagem é elucidativo: "Prometiam-lhes o paraíso, mas viram o inferno?". O autor da façanha é, alegadamente, um romeno ligado a práticas ilegais de angariação de mão-de-obra que se faz esconder sob a capa de uma empresa de trabalho temporário. Pena que o diário não tenha tentado saber quem foi a empresa responsável pela contratação dos seus serviços? Afinal quem é criminoso? Apenas quem explora directamente ou aqueles que, perante um orçamento de baixíssimos custos, viram a cara, lavam as mãos e recorrem a quem lhes garante um bom investimento?