quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Excitações




Valeria a pena pensar nas excitações de alguma esquerda e a sua relação com a violência. Meia dúzia de identificações numa "manifestação" no 25 de Abril, motins na Grécia ou revoltas nos subúrbios franceses geram torrentes de posts, comentários e discussões ao jantar. Motins massivos que vão, mais tarde ou mais cedo, acabar com um regime autoritário não interessam a ninguém. Serve isto para dizer que o fétiche não é o da violência.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Casualidades

Mais casual chunga do que casual chic.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Manter as distâncias

Eis uma atitude cuja análise sociológica se reveste de um alcance universal. Com efeito - e insistimos no carácter de regra que reveste a estrutura deste género de unidades - desde que um grupo, uma casta, uma camada social consegue ocupar uma posição elitária estável e viver separada das massas, embora sujeita a pressões vindas de baixo e por vezes também de cima, o simples facto de fazer parte dela tem para os seus membros e de uma forma mais ou menos total o carácter de um valor absolutamente autónomo, de um fim em si. «Manter as distâncias» é, pois, o motivo decisivo do seu comportamento e a forma onde este se molda. Para os membros de uma elite, o valor da sua existência não precisa de outra justificação, sobretudo não precisa de uma justificação do tipo utilitário. Os problemas que esta existência lhe levanta não podem nunca ser os de lhe encontrar razões de ser mais profundas e mais terra-a-terra. Quando estudamos a formação de elites, mesmo isoladas, deparamos sempre com o mesmo fenómeno.

Norbert Elias, A sociedade de corte, p. 77.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Algo mexe

Os trabalhadores da grande distribuição apresentaram um pré-aviso de greve para 24 de Dezembro. É um óptimo sinal, num sector onde a capacidade de reivindicação e de luta dos trabalhadores não tem sido grande. Em causa estão os ridículos aumentos salariais propostos pelo patronado para 2010, acompanhados da possibilidade de esticar a semana de trabalho até às 60 horas. "Com estes horários passamos a ser os escravos do século XXI", critica Manuel Guerreiro. Os super e os hipermercados pretendem ainda que este aumento de horas seja comunicado de véspera ao trabalhador, não contando "para efeitos de trabalho suplementar". O CESP defende que, com estas condições, "dificilmente é possível ter vida familiar": tornam "a vida dos trabalhadores num Inferno".

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Os heróis


Esses verdadeiros mártires da liberdade, do empreendedorismo e do desenvolvimento que são os empresários que industriam por esse país afora por um rectângulo mais justo descobriram agora com a crise que não incapazes de cumprir o que acordaram em 2006: até 2011 o salário mínimo chegaria aos 500 euros. Quando se fala em confiança também é dito que se fala. Revela-se neste recuo grande parte da cultura empresarial que governa este país.
Quem não fala destas questões, com honrosas excepções, são os bloggers aqui da prédio. É muito menos sexy do que debater os minaretes (curiosa palavra, como dizia o outro). Já depois de o Estado ter cedido no valor da taxa social única, a CGTP, com inteira razão, considera que este recuo para os 460 euros (o aumento este ano deveria ser dos 450 para os 475) é inaceitável.
Vale a pena salientar (sobretudo se tivermos em conta as mudanças na direcção do jornal) o excelente balanço que o Público faz dos acontecimentos, realçando o facto de o salário mínimo ter vindo a perder poder de compra nos últimos anos.

Da inércia

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Autodefinições

Será que a proibição dos minaretes na Suiça também vai passar a integrar as definições identitárias do ocidente e a intolerância e a estupidez vão passar a ser atributos dos quais determinadas pessoas se vão reclamar ao jantar com os amigos?